quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Má educação ou sobrevivência?


Ao ver esse post no Facebook, percebi o quanto ele se encaixa perfeitamente nesse meu blog. Polêmico demais!

Primeiramente eu gostaria de deixar claro que concordo que essa é uma atitude má-educada e de total desrespeito ao próximo. Agora, confesso que eu pratico essa atitude diariamente!

Infelizmente, esse país é composto por um povinho medíocre, que na minha humilde opinião não tem conserto, pois para consertar é preciso educar e não existe a menor vontade política de educar o povo. Porque educando o povo, a cambada de cafajestes que está no poder não se elege mais.

Tenho carta de motorista desde 1996 e por 14 anos respeitei a fila e me indignei ao presenciar esse tipo de atitude várias vezes por dia. Ficava indignado e nervoso. Acelerava o carro para impedir que o folgado entrasse na minha frente, mas ele acabava conseguindo entrar de qualquer jeito, sendo na frente do carro à frente ou na frente de quem viesse atrás.

Então, percebi que a minha simples atitude de respeitar a fila não iria nunca dar educação ao praticantes desse ato. Acordei no dia em que presenciei meu pai nervoso e indignado ao presenciar esse tipo de atitude. Quando ele disse: "Será que isso nunca irá mudar?" percebi que ele passou a vida inteira (mais de 50 anos dirigindo) respeitando a fila e foi por causa do exemplo dele que passei 14 anos respeitando a fila também.

Percebi ainda que não há punição para essa atitude, como quase tudo nesse país. Percebi que praticando esta atitude, passo 20 minutos a menos preso no trânsito (com base na marginal tietê em São Paulo nos horários de pico). Levando em consideração que para mim um ano tem 242 dias úteis, então os meus 14 anos respeitando a fila me fizeram perder 47 dias da minha vida. Foram 47 dias indignado e nervoso dentro de um carro.

Portanto, se eu praticar essa atitude por mais 36 anos, serão 121 dias a menos dentro de um carro. Serão 174.240 minutos a menos de nervosismo e indignação que só prejudicariam a minha saúde. 

Então decidi que não irei passar mais 36 anos nessa agonia. Há 4 anos tornei-me um adepto dessa prática repugnante. Não confunda essa prática com trafegar no acostamento, pois é bem diferente. Eu não trafego no acostamento simplesmente por questões de segurança e multa, apesar de ainda sofrer com nervosismo e indignação ao ver o pessoal trafegando sem punição. Pelas mesmas razões também não corto o trânsito pela contra-mão. No dia-a-dia do trânsito na cidade, principalmente na marginal do tietê que possui trechos com até 11 faixas de rolamento, eu corto uma fila de 15, 20 até 30 carros e tento entrar. Nos piores dias, no máximo 4 carros não me deixam entrar, mas nesse pior cenário ainda consigo cortar 11, 16 ou até 26 carros.

Infelizmente, não há como punir isso. Para evitar que isso aconteça precisaríamos que o Brasil fosse um país de gente civilizada, o que não é e NUNCA será. Outra solução seria TODOS acelerarem o carro e não deixarem o folgado entrar, o que é impossível, pois teríamos que andar colados um nos outros.

Eu tenho ciência de que esse tipo de atitude é o principal causador do trânsito, porque reduz drasticamente o fluxo nas vias, devido a redução de velocidade em cascata causada pela entrada de um folgado na fila. Mas, mais uma vez, passei 14 anos respeitando a fila e pela atitude do meu pai, sei que há mais de 50 anos isso acontece. Tenho a certeza que isso não irá mudar. Não melhorou em 50 anos, na verdade só piorou. Posso estar errado e gostaria muito de estar errado, mas sei que isso é utopia pura.

Muitos se revoltarão ao ler isso, pois ainda acreditam que o Brasil vai mudar algum dia. Muitos vão vir com aquela frase de que temos que dar o exemplo fazendo o que é certo. Infelizmente, nesse assunto específico, 14 anos dando o exemplo não serviu de nada. Daqui 10, 15 ou 20 anos, vocês perceberão que o tempo passou e nada mudou, assim como eu demorei 14 anos para perceber.

Não me entendam mal! Se ao ler esse texto você chegou a conclusão que estou incentivando essa prática, você entendeu errado. Não incentivo de jeito nenhum. Esse texto foi mais uma questão polêmica. Será que essa prática é uma questão de má educação ou de sobrevivência?